Igreja de Nossa Senhora das Necessidades – Atalhada
Inaugurada a 28 de Junho de 1847.
A 20 de Maio de 1826 o governador do Bispado de Angra, José Maria Bettencourt Vasconcelos, autorizou a necessária licença para a construção da actual Igreja de Nossa Senhora das Necessidades, na Atalhada, no termo da vila da Lagoa. Com efeito, nove anos antes, em 1817, e segundo as descrições do Padre João José Tavares, começou-se a adquirir materiais para a construção do actual templo e, em 1826, o Vigário do Rosário, Manuel Joaquim Soares, havia pedido a licença para a sua edificação “no lugar da primeira que estava muito velha e era muito pequena na qual não cabia a terça parte de população daquele lugar, assistindo o povo ao Santo Sacríficio da missa ao rigor do sol e da chuva. No frontispício mantém-se, gravada na pedra, a data de 1828, altura em que a Igreja estaria ainda a ser construída. Refere, a este respeito, o citado historiador: “No respectivo livro de contas diz-se, no termo respeitante ao ano 1828, que a Igreja está a ser feita, gastando-se 1.155$795 reis.
Pela escrituração posterior, vê-se que desde o ano de 1829 até ao de 1847 se gastou 384$835 reis, na capela e igreja, sendo 9$380reis o custo do terreno expropriado para a torre e o restante para um crucifixo, tintas, armário para a sacrista, etc” Mas a igreja a igreja ia sendo construída aos poucos, conforme as possibilidades financeiras do seu povo. Alguns anos mais tarde, Junto da Paróquia, na sessão de 28 de Junho de 1847, deliberou a construção da torre, da sacristia, do adro e assobradar a Igreja. “O Padre Cura José Ferreira Afonso, com o produto duma subscrição aberta até 31 de Junho de 1865 na importância de 356$930 reis, procurou provê-la de alfaias e ornamentos, custando tudo 402$740 reis”. E “em 15 de Outubro de 1849, Manuel Francisco de Medeiros e consorte D. Branca de Faria Afonso, deixaram 9$600 reis para o azeite da da lâmpada do Santíssimo, quando se instalasse na dita Igreja”.
No primeiro Domingo de Setembro de 1874 foi, então, colocado o Santíssimo Sacramento na Igreja. Da parte da tarde do mesmo dia, realizou-se a procissão com o Santíssimo, tudo a expensas do cura de então, o Padre João Jacinto Tavares de Sousa. “Com igual solenidade se ficou comemorando esta data durante quase trinta anos, a expensas do novo no primeiro Domingo de Setembro. Até hoje, acrescentamos nós. Nos apontamentos do Padre João Tavares existem, ainda, outras notas curiosas: “D. Mariana Cymbron ofereceu a lâmpada de prata de D. Ana Rebelo 400$000 reis, quantia que foi aplicada às insígnias para ser conduzido o sacramento aos enfermos, isto é, pluvial, véu de ombros, pálio, umbela, manga da cruz e também o tapete para toda a capela. A verba do legado de Manuel Francisco de Medeiros começa nas contas da Junta da Paróquia do ano de 1875”.
Mas há outros promenores: refere-se ainda, por exemplo, que o Cura Herculano Romão Ferreira mandou vir do Porto uma imagem do Sagrado Coração de Jesus “que está em um altar lateral mandado construir pelo dito cura, tudo a expensas do povo. No ano de 1904 consertou-se a capela-mor por iniciativa do Padre José Tavares Furtado, gastando-se, segundo consta, 300$000 reis”. Por fim, por decisão do Vigário Capitular José dos Reis Fisher, de 15 de Maio de 1912, “foi concedida autorização para serem administrados os sacramentos de Baptismo e Matrimónio com registo em livros próprios, com também o registo dos óbitos, tudo a cargo do respectivo cura-capelão”. Na igreja existe um altar do Sagrado Coração de Jesus, situado no lado norte. A imagem foi feita na cidade do Porto na oficina de Mestre José Soares de Oliveira e colocada no templo pelo Cura Reverendo Herculano Romão Ferreira.
O Solar do Fisher e a Casa da Atalhada e a Ermida de São José, são belos exemplares das casas nobres micaelense do séc. XVIII, com os seus portões armoreados, pátio anexo e profuso trabalho em pedra de lavoura.