Actual igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Lagoa – paroquial da freguesia com o mesmo nome – foi construída sobre uma ancestral ermida do século XVI, conforme nos referem as notas do Padre João José Tavares no seu livro A Lagoa e o seu Conselho. A igreja actual, de construção mais recente, com data do século XVIII, é um amplo e harmonioso edifício composto por três naves. Possui, em resumo, um notável conjunto escultórico de autoria do Mestre Machado de Castro. Destaque, também, para o seu órgão de tubos, proveniente da Alemanha e considerado um dos melhores da Região Autónoma dos Açores. No que respeita às suas festas e solenidads, a festa em honra do Sagrado Coração de Jesus realiza-se no 1ºDomingo de Julho e a festa em honra da padroeira, Nossa Senhora do Rosário, no 2ºDomingo de Outubro. A ancestral ermida dedicada a Santa Maria do Rosário, na Lagoa, foi edificada, no séc. XVI, por Álvaro Lopes do Vulcão, no artigo sítio do Porto dos Carneiros, no mesmo sítio onde está hoje a igreja paroquial. No seu testamento de 17 de Maio de 1543, diz ter a capela desejando “nela ser sepultado para a banda do Evangelho.” Alguns anos mais tarde, por Alvará Régio de 5 de Abril de 1593 e Carta do Bispo D. Manuel de Gouveia, o lugar do Porto dos Carneiros foi elevado à categoria de Paróquia, servindo a ermida de igreja paroquial e tornando-se independente da igreja de Santa Cruz.
Ao longo dos tempos esta ancestral ermida sofreu várias reformas e melhorias no sentido de se transformar na igreja paroquial. Neste sentido, o Visitador Manuel de Brito, vigário da Matriz da Ribeira Grande, que a Visitou a 25 de Setembro de 1596, “mandou fazer uma capelinha no lado do Norte da ermida, junto à porta principal para a pia de baptizar, e no lado do sul, um campanário para dois sinos.” Esta capela foi mandada construir de novo uma vez a anterior estar “arruinada e ser obra antiga, bem como a sacristia e os armários e se acrescente seis côvados da porta principal para diante e se levantem as paredes.” Esta ordem do Visitador, porém, não terá sido cumprida. E alguns anos mais tarde, a 26 de Outubro de 1602, o Bispo D. Jerónimos Teixeira Cabral, tendo verificado que não se tinham feito tais melhoramentos, por a ermida ser de “administradores que embargavam a obra”, mandou fazer uma igreja nova no sítio onde se encontrava a outra, pois para isso ditos administradores dão consentimento. O mesmo Bispo ordenou que se colocasse um pregão da obra da capela-mor, sendo que o tamanho total da igreja deverá ser de modo a que dê bom acolhimento aos fregueses e na proporção da capela.
Deu ainda instruções para que se fizesse o campanário e a capelinha para a pia baptismal como já estava acordado. As obras, porém, demoravam, e na Visita de 17 de Março de 1606, o Visitador Lopo Gil Fagundes recomenda que os fregueses terminem dentro de um ano a capela-mor, que haja provisão de tinta que se fazer o corpo da igreja na proporção da capela e, por fim, se guardem as rendas do altar de Jesus para, depois da sua conclusão, fazer-se o que mais convier. Seis anos mais tarde, o Visitador Pedro Monteiro, Vigário da Ribeira Seca, diz que a capela-mor está quase feita e que só por negligência ainda não se acabaram as obras. A 13 de Agosto de 1619 o Visitador Gonçalo Godinho de Vasconcelos, Vigário de Santa Cruz da Graciosa, aponta que, devido às obras, a pia baptismal e os santos óleos não estão ainda no seu devido lugar e que os dois altares colaterais existentes na capela-mor, embora precisando de restauro, se hão-de mudar logo que a igreja se encontre edificada, adiando-se, deste modo, a sua reparação.
Tratam-se dos altares do Bom Jesus e de Sant’Ana. Tudo indica que por volta do ano de 1625 se encontram concluídas as obras – assim o atesta o Visitador Sebastião Machado de Miranda, chantre da Sé de Angra, escrevendo que a igreja está feita de novo. Manda, então, que a retoquem e a pintem, que se façam grades e confessionários, assim como a pia baptismal com grades torneadas e fechaduras. Por fim, a 8 de Outubro de 1637 o Visitador Manuel Duarte da Mota manda acabar de colocar lages e retocara a igreja por dentro e por fora. A seguir, dá-se a construção da torre e do adro da igreja por ordem do Visitador Manuel Álvares Cabral de 20 de Maio de 1665. Mas cerca de um século depois, a 28 de Fevereiro de 1743. D. Frei Valério do Sacramento informa do estado degradado da igreja: o altar de Sant’Ana encontra-se destruído de todo o ornato, outro tanto se diga do altar do Santo Cristo, para além da inexistência da torre sineira.
A NOSSA IGREJA: Era necessário, portanto, proceder à produção de um novo templo – o templo actual em honra de Nossa Senhora do Rosário. Pôs mãos é obra o Padre Manuel Raposo da Câmara, que dela havia tomado posse como Vigário em Dezembro de 1764. O velho tempo foi, por fim, demolido em 1765. E em Janeiro de 1967 começaram as obras que demoraram até Abril de 1772. A 16 de Janeiro de 1773, o Padre Manuel Pacheco Raposo benzeu a nova igreja (a actual) e para lá transladou o Santíssimo Sacramento. A construção da torre sineira, porém, só se verificou a 19 de Junho de 1782. Registo, ainda, para a compra de alguns objectos de prata – do Rio de Janeiro, Brasil, em 1765, chegou uma coroa de prata dourada para a imagem de Nossa Senhora do Rosário e outra também de prata para o menino que a Senhora tem nos braços. A concha de baptizar chegou de Lisboa em Agosto de 1796 e a cruz de parta em Outubro de 1800 por mando do cura João José de Sousa Correia. Ao longo dos últimos dois séculos foram-se verificando restauros e melhoramentos na igreja de Nossa Senhora do Rosário. Por outro lado, o templo recebeu alguns equipamentos que melhoram a liturgia. É o caso do primeiro órgão que cedido pelo governo, no tempo do Vigário António Joaquim Ferreira, e que veio da igreja de São Francisco da Ribeira Grande.
Mais tarde, e por iniciativa do Vigário Jacinto Inácio de Sousa, foi substituído por outro arquirido na Alemanha. Segundo as notas do Padre João Jo´se Tavares o órgão tocou pela primeira vez no mês de Maio de 1886. A Junta da Paróquia contribuiu para a compra do órgão e para isso até contribuiu para a compra do orgão e para isso até contraiu um empréstimo. As sessões de 19 de Outubro, 2 e 16 de Novembro de 1884 e 20 de Julho de 1885 ocupam-se deste assunto. Vale a pena referir este pormenor porque, ainda hoje, o orgão de tubos da igreja de Nossa Senhora do Rosário é um dos melhores dos Açores. Outro tanto se diga do relógio da torre, que dá quartos e horas, construído por Luís de Sousa Vasconcelos, de Ponta Delgada. A Junta da Paróquia autorizou o seu pagamento em 1851.
No ano de 1853 fez-se o guada-vento e comprou-se um palio branco bordado o ouro. Compraram-se seus grandes lustres de vidro e dois pontificais, sendo um branco de ramos amarelos e um preto e respectivos frontais de altar-mor. Adquiriu-se a imagem do Sagrado Coração de Jesus para a qual se fez o altar e o retábulo tendo sido os mesmos doirados. De Paris, chegou uma bela imagem de Santo Antão. E até a eça é desse tempo do Vigário Jacinto Inácio de Sousa. Por outro lado, por iniciativa do Vice- vigário Manuel de Sousa Travessos, repararam-se e douraram-se os altares do Espírito Santo e das Almas, fez-se um pavilhão e um frontal de altar para a capela do Santíssimo Sacramento, de seda branca bordada de amarelo e os reposteiros de flanela de lã vermelha para todas as portas. Mais tarde, já no tempo do vigário José Jacinto Raposo Moreira fez-se um novo retábulo so Santíssimo, sendo entalhador João Soares Cordeiro, de Ponta Delgada, e adquiriu-se um novo frontal de altar e pavilhão de seda branco, bordado a ouro. Em 1916 o pároco restaurou a capela-mor e o altar de Sant’Ana.
O TEMPLO: O altar de Santo Agostinho, que ao tempo do Padre João José Tavares se encontrava na capela da Pia Baptismal, foi arrojado ao Porto dos Carneiros e recolhido à Igreja no tempo do Vigário António Joaquim Ferreira. A imagem foi restaurada e exposta ao culto público no tempo do Vigário Jacinto Inácio de Sousa, a expensas do industrial Bernardinho do Silva, morador na dita freguesia. O corregedor e Provedor Lourenço de Mesquita Pimentel Sotto Mayor mandou, a 13 de Novembro de 1805, que a escrituração das respectivas esmolas fosse feita em livro separado. O altar as Almas, ao lado norte da Igreja do Rosário, foi instituído pelo Cabido da Sé de Angra, por alvará de 17 de Janeiro de 1716.
A cerimónia da bênção teve lugar no dia 29 do mesmo mês e ano, oficiando o respectivo Vigário Manuel de Sousa Benevides. O altar de Santa Ana, situado ao lado da epístola na capela-mor, tem um grupo composto por três esculturas: São Joaquim, Santa Ana e Nossa Senhora. Foi o terceiro altar da Igreja edificado no lugar da primitiva ermida de Nossa Senhora do Rosário. Foi fundado e dotado por António Lopes de Faria, casado com Maria da Costa. A imagem de Santo Antão venera-se num dos ninchos da capela-mor da igreja do Rosário e foi feita em Paris, a mando do Vigário Jacinto Inácio de Sousa, por volta do ano de 1874. O altar do Bom jesus ficava colateral, e segundo as notas do Padre João José Tavares, ligava-se com o altar de Santa Ana no templo anterior ao actual.
O Visitador Manuel de Brito alude a ele na Visita de 25 de Setembro de 1596. É também conhecido por altar do Nome de Jesus, costumando-se fazer, desde tempos imemoriais, uma festa no primeiro de Janeiro. A imagem deste altar era um crucifixo que foi substituído pela imagem do Sagrado Coração de Jesus no ano de 1888. Também em vários documentos aparece com o nome de altar do Nome de Deus. Teve uma Confraria. O altar do Sagrado Coração de Jesus fica ao lado sul da igreja do Rosário. A imagem foi adquirida no tempo do Vigário Jacinto Inácio de Sousa no ano de 1888 e feita na cidade do Porto pelo escultor José Soares de Oliveira. O antigo altar do Espírito Santo é aquele onde se encontra a imagem de Nossa Senhora da Soledade. A imagem de São José é uma imagem que se venera num dos nichos do altar-mor, adquirida pelo actual Pároco, Padre João Furtado Martins.
ERMIDA DE SANTO AMARO: A ermida de Santo Amaro foi edificado pelo Padre António Adrião de Melo, Vigário de São Pedro da Ribeira Seca, Ribeira Grande, junto a uma casa e quinta, sitas no Ginjal, onde o dito Padre costumava veranear, obtendo licença para a sua erecção, por alvará do Bispo D. Fr. José de Ave-Maria Leite da Costa e Silva, em data de 8 de Março de 1793. A 25 de Junho de 1793 o Paróco do Rosário foi autorizado pelo Prelado Diocesano a benzer a ermida. A 8 de Agosto o Vigário José de Sousa Correia declara ter benzido. O Património é de 2$000 reis, impostos em doze e meio alqueires de terra, sitos à Mediana da Ribeira Seca, da Ribeira Grande, como consta da escritura do dote feita pelo dito Padre António Adrião de Melo em 2 de Fevereiro de 1793, sendo escrivão Manuel do Couto Cordeiro. O tempo do Padre João José Tavares esta ermida era propriedade dos herdeiros de António Pedro Bettencourt Galvão. Uma das imagens dessa ermida está na Igreja do Rosário e outra na de Santo António, no Convento dos Frades, na Lagoa.
ERMIDA DE SANTA ANA: Há, ainda, referência em honra da devoção a Santa Ana, edificada pelo capitão-mor da Lagoa, junto às suas casas, acima da canada de Maria de São João, e que não chegou a ser benta pela autoridade eclesiástica não a achar em harmonia com as leis canónicas. O fundador fez a doação do património, por escritura de 25 de Novembro de 1789, nas notas do tabelião Manuel do Couto Cordeiro. Entretanto as casas tornaram-se propriedade dos herdeiros de Bernardo Faria e Maia e, actualmente, são pertença de Jaime Sousa Lima.
ERMIDA DE SANTA BARBÁRA: Trata-se de uma ermida edificada pelo capitão António de Faria e Maya e sua consorte D. Luísa do Canto. Obtiveram licença para a sua edificação por alvará do cabido “sede vacante” de 24 de Abril de 1654.
ERMIDA DO ESPÍRITO SANTO: É uma ermida que deu o nome a uma das ruas da freguesia do Rosário e que ficava no princípio da mesma rua, à direita, para quem sobe. Ignorando-se a data da sua fundação, sabe-se que já existia em 12 de Março de 1575, data do testamento de Filipa Gaspar que deixou para a Confraria da Ermida do Espírito Santo quinhentos reis. Maria da Costa, mulher de António Lopes de Faria, deixou uma missa para nela se dizer todos os Domingos, para sempre.